LA POEIRA!
Recordar
é viver... Mas tem algumas coisas que dá até arrepio recordar, é melhor que
seja nunca mais. Digo isto depois que eu e minha irmã Nádia, tomando um
cafezinho e batendo um papinho, recordávamos das nossas idas à casa de meu
irmão Ivan lá em Capelinha. Na época, a estrada ainda sem pavimentação tornava
a viagem super longa e sofrida. Era naqueles ônibus empoeirados, com cheiro
forte de óleo, muitas vezes todo vomitado durante o percurso. Estes ônibus
pareciam ser mais resistentes, motor mais possante, talvez por isto fossem tão
barulhentos. Devido à estrutura das estradas que na época eram só terra, os
bichos desciam o Gombô pulando sem parar, provavelmente por isto tinham o
apelido de “Cabritão”. Onde passavam deixavam um rastro de poeira para trás que
levava vários minutos pra baixar. Os nativos, à margem da estrada conheciam de
longe quando vinha um. Muitas vezes enquanto estive a beira da estrada pra
seguir viagem, na grande maioria das vezes no Posto do Mendanha, pude perceber
quando alguém dali já identificava um descendo o trecho da estrada ao longe. Eu
curioso perguntava:
- Como
você sabe que já vem vindo um Cabritão?
- Lá
poeira!
Por causa
do enorme rastro de poeira que aparecia lá em cima no morro, o Cabritão era identificado.
E não mascava, logo ele aparecida na reta do posto.
Minha
irmã nostálgica, disse que eram até divertidas estas viagens e contou que numa
dessas, viajando de “Cabritão”, sentou-se ao seu lado um senhor da região de “Cabornita”
ou seria “Taramandiba”? Isto ela não se
lembra mais... Fato é que ele a pediu pra dar sinal de parada perto do Rancho
de Telha e ela surpresa, lhe perguntou:
- Mas
onde é o Rancho de Telha?
Ele
surpreso olhou pra ela e já foi dizendo:
- Num
sabe, não é? Ocê só pode ser de “Bilizonte”!
Ela recordou dessa passagem com muitos risos,
porém não esquecemos o lado difícil das viagens. Na seca era poeira pura, nos
tempos de chuva, lama, atoleiro e buracada. O trem num era fácil pra viajar
não. Logicamente hoje as estradas estão melhores, porém com a quantidade de
impostos que pagamos, poderiam melhorar muito mais.
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