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sábado, 4 de agosto de 2012

O Brasão e a Prata foi Ouro - por Harlen Quaranta

O BRASÃO E A PRATA FOI OURO

Harlen da Luz Quaranta
harlenquaranta@ig.com.br

O nosso pai Estevam, trabalhava no DER
Muitas vezes até aos sábados
Era seu ofício, conservar as estradas
Mas os passeios no domingo, não mascavam
Eram sempre pelos campos do Brasão
Da nossa casa na rua 1º de maio
Na Vila Operária, podíamos vê-lo
E pra chegar até ele, estava o poção da Prata
Onde sempre parávamos para nos refrescar
O meu pai levava o short de banho na mão
Eu e meu irmão Ivan, já íamos a caráter
Sempre ansiosos, descíamos pela chácara de Zé Leiteiro
Com passos largos, nosso pai caminhava muito
Então logo chegávamos ao poção da Prata
Geralmente era bem de manhãzinha
Nesta época suas águas correntes eram cristalinas
E estava sempre um gelo
Mas nada disso nos intimidava, caíamos de peito nesta água
No começo o aprendizado, foi nas costas do nosso pai
Ele foi nosso professor
Depois desse refresco todo
Seguíamos adiante, rumo aos campos do Brasão
Nesta época lá plantada e resistente a lenda
Estava a enorme e frondosa mangueira
Aí já estávamos no Brasão, sempre com ar místico
O nosso pai sempre um contador de histórias
Relatava-nos a história do seu tesouro
Dava até arrepios, mas não precisávamos temer
O contador de histórias era também nosso guardião
A história era sempre a mesma, a do padre do Brasão
Apesar do medo, a curiosidade de menino
Era encontrar este padre
Mas o medo, contrastava com as frutas nativas
E logo encontrávamos os pés de murta, murici e pitanga
Quando há seu tempo, muita gabiroba era uma festa só
Então o giro pelos campos do Brasão estava completo
Aí já estávamos de volta
Pra mais uma vez, refrescarmos no poção da Prata
Banhávamos e logo já estávamos de volta a nossa casa
Logo avistávamos a minha mãe D. Neném, que gritava
Às minhas irmãs Nadia, Clara e Márcia
Pode esquentar o almoço, que eles já estão chegando
Pra todos juntos, em família almoçarmos
E foi mais um domingo em que
O Brasão e a Prata foi ouro

(Esta crônica é dedicada a minha mãe, meus irmãos e à memória do meu pai, Estevam Quaranta, que este mês se estivesse entre nós, estaria completando 90 anos)