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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sete de Setembro, Tempos Idos - por Harlen Quaranta

SETE DE SETEMBRO, TEMPOS IDOS

Harlen da Luz Quaranta

Na nossa época,  os colégios começavam os ensaios, logo no princípio do mês de agosto, pelas ruas da cidade, costumavam até se encontrarem em algum ponto  e um ter que parar e ceder passagem pro outro, pra não haver congestionamento.

Tocar na bateria então, não era pra qualquer um, tinha que ser bom nos repiques do tarol, ter braços fortes ou  política com o chefe de bateria pra executar essa função. Nesta época eu estudava no Leopoldo de Miranda e fui selecionado pelo professor Zé Coquinho (in memoriam) pra tocar na bateria, isto pelo meu porte atlético, porém pra tocar bumbo e não o tarol que era o sonho da rapaziada.

Toquei o bumbo por uns dois ou três anos seguidos. Dai me senti no direito de ser promovido a um tocador de tarol. A chance surgiu, quando Antônio Carlos Fernandes (Tonim – in memoriam) e Emiliano Duarte Tibães, assumiram a chefia da bateria. Amigos que sempre fomos, articulei com eles a promoção, incentivado por outro grande amigo, o Leonardo Duarte Tibães (Leo – in memoriam).

Sugeriram um teste com o cobiçado instrumento, mas sinceramente eu não tinha nenhuma habilidade com ele - o tarol - , o teste  foi um desastre, me bateu um desespero, e já aborrecido disse “bumbo eu não toco mais”, afinal o tarol  era o instrumento da galera, o que mais se destacava pelos seus repiques, nada me tirava da cabeça que eu teria que tocá-lo, pois se tratava de um instrumento de destaque.

Foi aí que Tonim e o Emiliano, sempre habilidosos, me convenceram, que tocar o bumbo era para um membro de destaque na bateria,  para alunos de porte atlético, e que o instrumento marcava o passo da marcha e vinha a frente da bateria. Este famoso destaque era tudo no desfile, portanto me convenceram.

A briga por este destaque era tão grande que as meninas na época, disputavam a puxões de cabelo a posição de desfilar à frente da bateria.

Então desfilávamos pelo Largo Dom João, aos olhos de milhares de presentes e das autoridades postadas no palanque armado ao lado  do coreto. Desfile que só terminava na porta da escola, quando a bravíssima Zezé nos liberava. Aí era aquela correria, pra novamente voltarmos ao Largo Dom João pra ver as outras escolas e suas atrações. Mas o que não podíamos realmente perder era o desfile do colégio Nossa Senhora das Dores, escola totalmente feminina,  que com suas saias pinçadas e curtas nos presenteavam com um festival de pernas e davam um charme especial ao desfile por essa característica, como era bom.

Pra finalizar o desfile das escolas, vinha o Colégio Tiradentes, trazendo à sua frente a imponente e garbosa bateria, com sua maior personalidade, o folclórico Iça (in memoriam), com sua cor negra, barba rala, um quepe com penacho vermelho e tocando um bumbo com a maior elegância (isto sim era fina estampa), momento em que era ovacionado e aplaudido euforicamente.

O desfile acabou, a saudade ficou e os tempos, idos.

Mas viva a “Independência”.

Um comentário:

Rosan disse...

Grandes tempos meu amigo!Que bom que encontrei o seu blog.!Abraçao!